28 fevereiro 2007

Correspondência Sophia/Sena (1959-1978)


Granja, 18 de Novembro de 1972

Caríssimo Jorge,

Estou aqui por uns dias "em frente ao mar enorme" em casa da minha filha Isabel, casa onde eu própria vivi dos 11 aos 18 anos (no Verão) e onde agora tudo me corta aos bocados. A minha mãe está e não está em cada lugar - é qualquer coisa que em mim se liga ao motivo da morte de Isolda. às vezes abre-se uma janela e o mar é um instante o mesmo. Pensei que viesses a Lisboa - tive pena de não te ver.

Comecei e quase acabei várias cartas em que te agradecia os teus dois livros.

Das traduções gostei sobretudo das traduções de poesia medieval francesa. "Ainda é viva a ratazana" e outras são insuperáveis. Da renascença gostei menos porque os poetas da renascença traduzidos ficam quase todos o mesmo. E discordei da escolha das poesias gregas, escolha onde faltavam os meus poemas essenciais, Aliás as escolhas e a tradução são sempre infinitamente discutíveis. Gostei muito de muitas das tuas traduções - mas por mim creio na tradução obcecadamente literal. Quando leio Homero ou Platão quero traduções tal e qual. E, quando alguém me traduz, as diversões e derivações de tradutores, por mais brilhantes que sejam, arrepiam-me sempre.. Quero traduções mas que deixem em branco o vazio entre duas línguas.

No Exorcismo gostei da violência e amargura. O que me tocou foi a frontalidade do "amargor", um desespero denso que aos poemas um peso duro de pedra. É uma voz rouca e surda que responde a outra voz:

Não mais Musa não mais que a lira tenho

Destemperada e a voz enrouquecida

Destempero e rouquidão são o que no teu livro me parece mais justo, belo e teu - Mas não concordo com aquilo a que chamas "chamar as coisas pelo seu nome". Pois não é o seu nome mas só a linguagem inventada pelas sinistras e raivosas frustações do machismo.

A civilização ocidental traiu a imanência. Talvez esta traição tenha começado em Sócrates e Platão que a beberam na "Sabedoria da Ásia". O ser deixou de estar na phisis e passou a estar no logos . A gente da Índia quis sempre passar para o outro lado da natureza. A phisis era ilusão e aparência para o homem indiano -o que veio labirinticamente de Platão para o cristianismo. E começou a transcendência. A fidelidade à imanência tornou-se pecado. O homem deixou de ser um com o seu corpo, e com a mulher. As palavras que significavam sexo transformaram-se em palavrões - não significam sexo, mas não-identificação do ser como sexo. Significam divórcio. Usá-las é aceitar esse divórcio.

Creio que estamos no Kaos. Talvez seja um princípio. Ao princípio era o Kaos. Através do Kaos reconhecemos a phisis copmo ser.. Reconhecemos o país da imanência sem mácula.

(...)

Sophia

os pedaços - espero que siga. Com as minhas saudades para ti e para a Mécia

(...)Sophia

Correspondência de Sophia de Mello Breyner e Jorge de Sena (1959-1978), Edit. Guerra e Paz, Lisboa, 2006

26 fevereiro 2007

Da Literatura: � ÓSCARES

Da Literatura: � ÓSCARES II

21 fevereiro 2007

IN EUROPE AND ACROSS THE GLOBE


On March 25 th, all Heads of State will gather in Berlin, to discuss european values. This is the time that we, women of Europe, should started and speak out for women's rights in Europe and across the globe.

17 fevereiro 2007

Paulo vestido de Arlequim


Vestem-nos à chegada o fato
de losangos para a récita
de invariável final. Só
os muito distraídos não
entendem que no burlesco
desaguam todas as épicas
líricas e tragédias. A única variante
reduz-se agora ao número
de espectadores. Muitos milhões
ou apenas o próprio.

I. L.




13 fevereiro 2007

As minhas magnólias





As minhas magnólias abrem em Fevereiro.
Hoje quando vinha do "Macau", resolvi captá-las com o "Nokia", ao subir as escadas, antes que a ventania e a chuva teimosa as levem.
Para o ano, nem eu nem elas seremos as mesmas.

12 fevereiro 2007

Um nu de Modigliani


Depois da "Senhora de Fátima a chorar", dos "assassinatos dos filhos" e de toda a desfaçatez argumentativa e inenarrável dos "videirinhos", apetece colocar aqui este nu, nada anoréctico de um corpo feminino, que começa hoje, 11 de Fevereiro de 2007, em Portugal, a poder ser desencarcerado de leis arcaicas e obsoletas.
Apesar da chuva, respira-se muito melhor.

10 fevereiro 2007

PAULA REGO

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09 fevereiro 2007

Da Literatura: A PEIXEIRADA

VIDA EX-ÚTERO II

07 fevereiro 2007

POR UMA VIDA DE ESCOLHAS (livro)

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VIDA EX-ÚTERO I

Sementes de feijão- ( cf.Wikipédia)



Embora a pergunta do próximo Referendo não questione sementes, mas leis jurídicas, e políticas sanitárias, apetece dizer:


AOS PALADINOS, DE EMBRIÕES CANDIDATOS A CRIANÇAS, VÍTIMAS DE NEGLIGÊNCIA, VIOLÊNCIA,PROVÁVEIS E FUTUROS DEPENDENTES DA ASSISTÊNCIA SOCIAL E INTERNATOS DE TODAS AS CASAS PIAS DESTE MUNDO:

MAIS QUE AS CEGUEIRAS FUNDAMENTALISTAS , IGNORANTES OU DE MÁ-FÉ DE "ARGUMENTOS" DO "IN-ÚTERO", dessa mera incubadora, que até pode ser de aluguer, PREOCUPEM-SE COM A VIDA EX-ÚTERO DO NADO-VIVO, ESSE SIM, SUJEITO DE DIREITO, QUE PRECISA DE AFECTO, CUIDADOS, ESTABILIDADE, PRESENÇA, MODELOS, E

UM PROJECTO DE VIDA, VIDA VERDADEIRA, e nâo uma fatal e fetal DESGRAÇA.

A MALEVOLÊNCIA E SADISMO DOS VOSSOS ARGUMENTOS, ARREPIA...,

SENHORES E SENHORAS DO "NÂO"!





05 fevereiro 2007

SIM!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


03 fevereiro 2007

Da Literatura: SIM, NATURALMENTE