28 julho 2008

VAGAS


A colcha da cama desfeita
é agora mais leve e mais clara.
As sandálias brancas enviaram
ao armário a sombra
impermeável das botas. No lugar
do gorro de lã demora-se hoje
um leve chapéu de palha. Algumas
plantas secaram, mas o calor dos
corpos libertou os lençóis
da sua humilde tarefa, lançando-os
longe como vagas de Agosto.




I. L.



(A Enganosa Respiração da Manhã, 2002)


10 julho 2008

Folhas A-4, claustrofobia democrática e casamento para procriação



Depois do debate do estado da nação, na AR, que se seguiu a entrevistas recessas e costumeiros fervores económicos salvíficos, não restam duvidas sobre o mofo palavroso e inconsistente da "alternância". Diria mesmo, de um conservadorismo malévolo, atendendo à nossa situação e heranças sociais, culrurais e cívicas.

02 julho 2008

Silêncio assassino

Num hediondo caso judicial de um padrasto que com agressões diárias e bárbaras pôs um menino de 2 anos, tetraplégico, surdo e cego, quase lhe provocando a morte, mais uma vez o ARGUIDO TEVE DIREITO AO SILÊNCIO.

Que código, que jurisprudência, que hipócritas "direitos humanos", estendem o manto protector para que depois se "cozinhe ", em tribunal, que "não houve intenção de matar".

Eu, se tivesse a função de ser advogada de defesa deste "inhumano" e da bovina mãe da vítima, nunca mais me veria ao espelho.

Na selva, o novo leão que aniquila o velho, e lhe fica com as fêmeas, também extermina as crias do antecessor, para garantir a prevalência dos seus próprios genes. Tal qual estas duas bestas-feras:
ele tentando aniquilar a cria de um antecessor; ela assistindo passivamente, como as quadrúpedes leoas, ao seu aniquilamento.

Sete anos de prisão (que ficam sempre pela metade, na prática) e uma pena suspensa.
E O DIREITO AO SILÊNCIO.

Simplesmente repugnantes: os actos, as pessoas, as leis.