11 julho 2007

Joaquim Manuel Magalhães - poeta


Dedico-me, de novo, às muitas dúvidas que me causam os livros de versos que, um tanto em vão, andei a publicar. Levantei em mim tantoos obstáculos ao processo de aproximar-me do "meu" acto da poesia que considero sorte ter envolvido tempo imaginativo a escrever sobre a dos outros.
(...)
Há "ditos" no que disse que me causam perplexidade pelo seu efeito no pequeno clã dos versos. Ser avaliado publicamente por causa de uma única expressão, como se não houvesse exprimido mais nada em momento nenhum, surpreende-me; embora agradavelmente. Acontece isto com muitos, o que já serve de consolo a um pobre português
Cheguei por estes dias a um momento de revisão em que tive de enfrentar essa linha em que dizia: "voltar ao real". Podia ter sido: "sou tão palerma", ou "o luar na faia", para mim isso não passaria de mera ocasionalidade expressiva. Mas foi aquilo. Tenho-me sentado horas diante daquele poema e, mais do que pensar em corrigir sonoridades violentamente mal conseguidas dentro dele, chego firmemente a pensar tirá-lo de dentro das minhas coisas, como Carlos de Oliveira fez ao "não há machado que corte".
(...)
confiei na poesia como pulsão para a factualidade, no obscuro ou no interventivo, no caótico como no linear. Sempre, em épocas menos amadas por mim, irrompiam malabarismos que procuravam destruir o princípio de indicação do concreto. Fosse o concreto a imaginação. Pois que a imaginação é uma abertura para a elevação do mundo e não um mecanismo da sua castração na forma de um fim em si mesma. Às vezes é preciso pedir para "isso", chamei-lhe real, voltar.
Suponho (outros poderão dizer-me que estou enganado e nenhum tem de ter razão, pois o ter razão não entra neste domínio, ele é um íntimo sem fim) que a poesia, quando se afasta dessa abertura de referencialidade, fica afectada em todos os domínios: do sentimento ao racional.
(...)
Não só o nosso entendimento de tudo é mutável no campo da nossa própria vida como também o entendimento de tudo é erradio desde que o homem se expressa. "Real" é uma contínua refeitura, releitura, urdidura.
(...)
Não se tratava de qualquer proibição, a não ser a mim mesmo. Não me associo à ideia de que a arte tenha de ser uma oposição à arte seja de quem for. A arte não é para eliminar outra arte: é apenas um intuito de querer acrescentar-se à arte existente, talvez de um modo diverso.
(...)
Que cada um seja como cada um. Por mim, se ando à procura de me cortar palavras, isso é apenas sinal de que não gosto dop que publiquei e de que vejo a poesia como um modo de andar perdido. Passa-se tal caso não com toda a gente, mas com muita gente, como é sabido. Não vejo que nisso possa haver mal algum. Nem que mal possa haver no seu contrário. Não é o gosto dos leitores que redige os versos de ninguém.
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J. M. M., Ir Dizendo, ALGUMAS PALAVRAS
Actual, 7 de Julho de 2007/EXPRESSO

08 julho 2007

As 7 Maravilhas






Li algures, na blogosfera, que alguém se lembrou de eleger as 7 maravilhas gastronómicas.

Excelente e gostosa ideia.
Sim, porque as outras wonders ergueram-se à custa de milhões de vidas, em tempos sem gruas nem guindastes.
Nas pirâmedes do Egipto eram utilizados diariamente, escravos até à morte, pois isso tormava-se mais rentável que alimentá-los. Todas as manhãs chegavam escravos "frescos", para as divinas obras faraónicas. E não duvido que os regimes "laborais", no tempo da "Grande Muralha da China" ou do Taj Mahal fossem muito mais benévolos, para os "párias"...

Também não nos podemos esquecer que a luminosa Grécia tinha escravos. Era uma "democracia" esclavagista...

Bem, mas deixando as maldades e ilusões do mundo, vamos lá à comidinha:

SETE MARAVILHAS TUGAS
(aleatoriamente)

-Sardinhas assadas com pimentos
-Tripas à moda do Porto
-Filetes de polvo com arroz do mesmo
-Leitão da Bairrada
-Lampreia à Bordalesa
-Rojões à moda do Minho
-Ameijoas à Bulhão Pato

Mais a maravilha honorária BACALHAU

- com todos
- à Brás
-à Zé do pipo
-na brasa
-pataniscas com arroz de feijão ou tomate
-açorda com coentros e ovos escalfados
-cozido com grão-de-bico

Sobremesas Maravilha

- leite-creme queimado
- queijadinhas
- pastéis de Tentugal ou legítimos de Belém
- tarte de limão
- torta de amêndoa (algarvia)
- queijo da Serra
- pudim de castanhas


Maravilhas vinícolas

- Barca Velha
- Planalto
- Quinta de Belos-Ares
- Quinta da Pacheca
- Monte Velho (tinto ou branco)

(e muito mais do que sete!)


À nossa!!!