30 novembro 2007

Morreu neste dia, há 72 anos

(...)
"Tudo nele era inesperado, desde a sua vida, até aos seus poemas, até à sua morte.
Inesperadamente como se se anunciasse um livro ou uma nova corrente literária por ele idealizada e vitalizada, correu a notícia da sua morte. Um grupo de amigos conduziu-o ontem a um jazigo banal do cemitério dos Prazeres. Lá ficou, vizinho de outro grande poeta que ele muito admirava, junto do seu querido Cesário, desse Cesário que ele não conhecera e que, como ninguém, compreendia".
(...)

(do Diário de Notícias, Dezembro de 1935 - notícia do falecimento de Fernando Pessoa)

29 novembro 2007

Excelente modelo de Convite

Com a inflacção de lançamentos natalícios, duplamente bocejantes: por serem lançamentos e por serem natalícios, saúda-se este modelar Convite .


As Edições Afrontamento têm o prazer de convidar V. Exa. para o não-lançamento da 4.ª edição do livro O Guardador de Retretes, de Pedro Barbosa (com posfácio de Manuel Frias Martins).

A sessão terá lugar no dia 30 de Novembro, pelas 21,30 horas, em sítio nenhum. Ninguém fará a apresentação da obra; o livro apresentar-se-á a si mesmo nas livrarias.

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11 novembro 2007

Lançamentos



Nas próximas semanas vai ser distribuído em algumas livrarias, porque a poesia - sobretudo a que não promete o céu - não interessa, este meu último/próximo livro, A Disfunção Lírica, editado pela & etc.

Duas ou três pessoas me têm perguntado pelo lançamento.
É que o lançamento, nos nossos dias, tornou-se uma espécie de canónica festa de baptizado, a que qualquer livro recém-nascido tem "obrigação" de aceder; com convites, convidados, padrinho oficiante - o apresentador - fotos, etc. Não dispensa sequer uma ida ao cabeleiriro e uma indumentária carismática, mesmo que seja a armar ao descontraído.

Tratando-se do meu oitavo livro, logo uma continuidade do trabalho poético muito iniciado(inclusivé com a edição e organização da Hífen), não se justifica qualquer apresentação. E as razões emprendedoristas editoriais, são felizmente alheias a esta célebre editora & etc, que trata os seus autores com a maior consideração, saber e respeito, ao contrário de outras que se multiplicam nos ditos lançamentos.

Além de que não considero a arte de escrever poesia uma arte performativa, como a execução musical, as artes cénicas, a dança, etc. Escrever poesia é um acto de intimidade e solidão onde o povoamento é de palavras, que podem conter todos os universos.
Confesso que já ouvi vários bons poetas assassinarem em voz alta os seus próprios poemas, mercê de uma má dicção, falta de microfone, curta ou demasiada projecção de voz, etc, etc.

Não deixarei de enviar a alguns amigos,leitores e poetas que prezo, um exemplar.
Está feito AQUI, neste bloguermita o L A N Ç A M E N T O.
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TRÍADES

Há tríades tão nobres, tão
recomendáveis: o bom, o belo,o verdadeiro,
de uso garantido na lapela dos
tempos e tratados. Outras tão usadas
quanto tão malditas: o mau,
o feio, o falso.

Só que estas últimas acabam
tantas vezes em melhores,
menos feias e menos falsas
que as primeiras.


(pág. 45)
I. L.