Além do vinho do Porto, das tripas, dos filetes de polvo com arroz do mesmo, das iscas de bacalhau da Ribeira, do arroz-doce, do culto das camélias, do cimbalino, da francesinha, do fino, do rock português (Chico Fininho de Rui Veloso), do cinema português (Aurélio Paz dos Reis (1862-1931), do liberalismo (1820) e da República (1891- 31 de Janeiro), o Porto inventou a noitada de S. João.
Mesmo durante o Estado Novo, e até por causa disso, nessa noite havia lugar para todas as transgressões e desafios da autoridade (à polícia, aos pais, aos costumes). Era vox populi que muitas raparigas se desgraçavam na noite de S. João.
Diversos rituais desapareceram ou vão escasseando:
- as rusgas: grupos espontâneos dos bairros populares, operários e "ilhas", que com instrumentos improvisados, alhos-porros, folhas de palmeira, atravessavam as ruas, rumo às Fontaínhas ;
- as tasquinhas: numerosíssimas (no tempo antes dos "pomares", micro-mercados e cafés de bairro), ornamentavam a entrada com grandes folhas de palmeira e balões;
- as fogueiras, promovidas em várias praças, pelo Município, sobre as quais os e as mais afoitas saltavam, entre piadas e incentivos dos assistentes;
- as ervas-santas: a cidreira de S. João, a alfazema, a alfádega, o ainda perdurável manjerico;
- ir ver os arrolados :entendendo-se por "arrolados" os que "tinham perdido a noite" e tinham sucumbido ao cansaço e extremos báquicos na relva, nos passeios, etc. Uma espécie de desfrute de fim-de-festa;
- os bailes de rua em grande número;
- a queima de balões e de fogo-de-artifício.
- o anho: muitas mães de família, transportavam para os fornos de lenha das padarias, na manhã do Dia de S. João, as assadeiras de barro com o carneiro devidamente temperado em "de-vinha-d'alhos" e rodeado de batatinhas novas, que faria o trajecto inverso, devidamente assado, para a mesa familiar.
-as cascatas: uma tradição, que as crianças prolongavam , fazendo na sua rua, uma cascata com um pequeno santo de barro pintado, alguns carneirinhos (às vezes incluiam Santo António e S. Pedro e uns músicos fardados) e que se destinava ao "tostãozinho para o S. João"...