27 abril 2007

EXORCISMOS (1972) - Jorge de Sena

"Creio que uma das maiores dificuldades com que se debate a poesia portuguesa contemporânea é a abstracção, o inconcreto, a impossibilidade mental de escrever referencialmente, seja em relação a que for. Quase toda a gente, mesmo dos melhores, vive na aflição e na inibição de não dizer nada claramente, de não mencionar nada concretamente, de não estabelecer conexões racionais e lógicas com experiência alguma - o que nada tem a ver com liberdade de imaginação ou com a experimentação linguística, e é apenas o resultado de décadas de meias palavras cifradas. Também por isso é que se criou a ideia de que poesia é coisa delicada e para delicados, em que parece mal e é mau escrever duramente e directamente, usando de termos "grosseiros" - pelos vistos, a grosseria é privilégio das agressões feitas sob a capa da crítica. Em todos os tempos, a poesia não recuou em chamar as coisas pelos seus nomes, a não ser lá e onde, à semelhança do dito evangélico, os poetas exploram com uma das mãos as saias de Elvira, enquanto com a outra escrevem do amor celeste, sem que uma das mãos saiba poeticamente o que a outra faz."

25 abril 2007

A mais longa ditadura da História da Europa


Em 25 de Abril de 1974, terminou em Portugal, a mais longa ditadura da História da Europa. O Estado Novo, além de encerrar sindicatos e jugular toda a liberdade de expressão e associação, também encerrou a Faculdade de Letras do Porto - que só reabriu nos anos 60 -condenando assim a segunda cidade do país, que tinha uma tradição filosófica positivista e um grande florescimento literário, editorial e tipográfico,que irradiava para a região Norte, a uma modorra conveniente e vigiada, durante décadas.
O regime de Salazar exerceu, durante a sua vigência, a mais virulenta perseguição e sangria de cérebros e gente da Cultura, o que se reflecte ainda hoje, na fraqueza das elites e na baixa consciência dos direitos e deveres cívicos ou no difícil fomento de organizações não governamentais, laicas.
Neste ano de 2007, a despenalização da i.v.g. em 11 de Fevereiro, foi o ressurgir de uma semente de Abril. Inequivocamente foi determinante a acção do primeiro-ministro JOSÉ SÓCRATES, empenhando-se pessoalmente na campanha pelo SIM e implicando o PS.
Foi o primeiro 1.º ministro da República Portuguesa a fazê-lo, redimindo assim o labéu lançado sobre as portuguesas, pelos bispos católicos e pelos numerosos Movimentos do Não, que as apodaram de "terroristas", "assassinas" e "excomungadas", entre outros interessantes epítetos.

21 abril 2007

CICUTA MEDIÁTICA, FARISAÍSMO, INQUISIÇÕES RIDÍCULAS


O colapso da UnI foi o "fartar vilanagem" para, por um ano de frequência, enxovalhar o primeiro-ministro e atear este clima inquisitorial , promovido sem dúvida pela extrema irritação de várias corporações, atingidas na doce inércia do "sempre tem sido assim".
Reformar, sim, mas que seja no quintal do vizinho.
Um povo trafulha e analfabeto que elege Fatinhas, Santanas, Jardins, Valentins, Portas, Durões, Avelinos, Isaltinos, Carmonas, Salazares.. e que utiliza a cunha, o nome de família e a ronhice mais abjecta até para passar por cima da própria mãe, anda a exigir o quê????
Sócrates é brilhante, exprime-se com grande clareza, "panache" e profundo conhecimento das matérias, num Português correcto. Mete num bolso qualquer escarafunchoso das Oposições.
Gosto de o ver contrapor argumentos ao BE ou ao PC, respeitando os temas e não lhes dando o tratamento de «você é pela "ditadura", logo o que diz não interessa», que era o que se ouvia dizer a outros "primeiros", por mais relevantes que fossem os argumentos dos representantes do "proletariado".
Ainda não chegamos ao paroxismo burlesco de investigar se Sócrates copiou por algum colega de carteira, no Básico ou no Secundário. Ou se usa slips ou boxers.
Resta-nos confiar na pouca eficácia da cicuta lusitana.
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16 abril 2007

O nascer do Sol: Ofensivo?

O nascer do Sol: Ofensivo?


O PROBLEMA, CARO BLOGGER, É QUE NA OCIDENTAL PRAIA LUSITANA, ELE SÓ SE PÕE E NUNCA NASCE...
BOA ANÁLISE!

12 abril 2007

Concerto na Casa da Música, no próximo dia 15 de Abril, Domingo, pelas 18 horas


CASA DA MÚSICA
PORTO

Evocação de Eugénio de Andrade nos 60 anos de As Mãos e os Frutos, pelos Solistas da Oficina Musical

Rui Taveira (Tenor)

Sofia Lourenço (Piano)

Carlos Alves (Clarinete)

Radu Ungureanu (violino)

Jed Barahal (violoncelo)

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I

Johannes Brahms

3 Intermezzi op. 117

Piano

Fernando Lopes-Graça

As Mãos e os Frutos

Canto e Piano

II

Arnold Schöenberg

6 Pequenas Peças op. 19

Piano

Claude Debussy

1.ª Rapsódia

Clarinete e Piano

Gabriel Fauré

Trio op. 120

Violoncelo, Violino e Piano

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10 abril 2007

Henrique Fialho (do blogue "Insónia") - ESTÓRIAS DOMÉSTICAS


11.Quando acompanhava meu pai ao café, em dias de fortuna calhava-me na rifa um carro. O último, recordo-me, caiu para debaixo do congelador. Durante anos imaginei o carro a morrer enregelado. Certo dia o congelador avariou e foi removido. Lá estava o carro intacto, empoeirado, abandonado. Pude constatar, pela primeira vez, a ambiguidade do real.

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18. Acusavam o espelho de lascívia porque o homem vinha-se para cima dele. Acusavam-no de perversidade porque a criança beijava-se ao espelho. Acusavam-no de traficância quando as visitas se serviam dele para snifarem coca. Por fim, acusaram-no de voyeurismo porque ele não voltava a cara para o lado sempre que à sua frente acontecia a cobrição. O espelho era o Deus da casa. Acusado de tudo sem nunca ter culpa de nada.


Henrique Fialho, Ovni, Livros e Serviços Ld.,info@ovni.org.com,2006


07 abril 2007

FRENESI - Livros: Artigo 46.� (Liberdade de associação)

Xenofobia Fedorenta -1 /Super-Gatos -0

Mas os Super-Gatos, ao colocarem o Cartaz, já ganharam por 10-0.

06 abril 2007

"Nacionalismo é parvoíce"


Estes fantásticos felinos mal-cheirosos, não me agradaram de início. Não gosto de piadinhas fáceis - "falam, falam, falam e não dizem nada" - e de arranhadelas na reputação dos meus bem-amados e genuínos gatos.
Desde que vejo o "Magazine" e sobretudo desde o sketch sobre o profe Marcelo, sou fã. O nacionalismo tuga, encostado à malfadada tríade -FUTEBOL, FADO E FÁTIMA - é realmente dos mais pindéricos e tristes que conheço.
Não é que cada lado da tríade, por si só, chegue para enfesar um país. Mas o cocktail é devastador e desde muito provado, enquanto tal.

03 abril 2007

Salazar, a múmia sinistra

Igualmente sinistros os portugueses actuais, que por ignorância maldosa (pois recusam informar-se) e má-fé, nele se revêem, e que só podem ser descendentes directos, em genes e mentalidade, de repelentes "bufos" e torcionários.

Sabe-se, de fonte limpa, que em 23 de Abril de 74, existiam neste "país de brandos costumes" e de "meia dúzia de safanões a tempo", dezenas de milhar de "bufos", - os chamados "informadores" - desde contínuos de estabelecimentos de ensino até criadas de servir, que vasculhavam o cesto dos papéis dos patrões, às vezes por quantias miseráveis. Isto sem falar dos "funcionários" e operacionais e gente mais graúda, em todos ou quase todos os lugares de rersponsabilidade, que tinha que demonstrar a sua fé na "múmia" e na sua autocracia. E isso era para salvar a própria pele.

Um verdadeiro chavascal, era o país coberto por bençãos cerejeiras, fome,tuberculose, piolhos, analfabetismo, pedofilia, castigos corporais na família, no ensino ou no aprendizado de qualquer profissão manual; filhos ilegítimos, com o labéu social que isso representava, à época, eram a face escondida do "não discutimos a Família".

As mulheres (Cf. Clara Ferreira Alves, Única, 24-3-2007) ou eram mães ou eram putas.

Para coroar a obra, fomos arrastados para uma caduca, extemporânea e interminável Guerra Colonial, numa altura em que todos os países europeus colonizadores, já tinham feito trajectos de mediação com as respectivas colónias.

Porque, "não se discutia a Pàtria" Nem nada.
Daí o famoso "medo de inscriçâo" de que fala o filósofo.


A Clara esqueceu-se da instituição das "tias solteironas" e das "santas viúvas", que tratavam dos velhos, das crianças, dos enfermos e davam boas catequistas da Doutrina Cristã e, às vezes aliviavam, com gosto, o sr. padre










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