25 agosto 2007

EDUARDO


Não o venceram as maleitas hepáticas,mas sim o famigerado coração.
Podia-se discordar dele,na Literatura ou na Política, mas a ninguém (dos ninguéns que lêem livros, jornais, crónicas) deixava indiferente. Mente brilhante, sem dúvida e que instituiu um novo discurso na nossa crítica literária.
Em Portugal - ou será uma questão mais alargada? - estão a desaparecer "cabeças" e a aparecer imensos "pés".
Vi uma reportagem na TV, com uns miúdos esfalfados a "futebolar". E um deles dizia:
- Quero ser como o Ronaldo e ir para o Manchester. Não quero ir para a Escola, porque fico muito cansado das mãos a escrever.
Aqui uns anos, os gaiatos diziam que queriam ser astronautas...
Adeus Eduardo. Eu,que deixei de comprar o "Público", amanhã vou comprá-lo para ler a tua Crónica. Um género tão em cima do instante actual, mas que se deixa ultrapassar pela ficcionista e poeta implacável: Madame La Mort.

15 agosto 2007

Ingmar Bergman (1918-2007)


O autor de Sonata de Outono partiu neste Verão, aos 89 anos.
Nesta primeira década do séc. XXI, estão a desaparecer, como é previsível e até certo, os derradeiros nomes que nos tornaram suportável o séc. XX.
Já me despedi aqui, a curta distância, de Sophia, Eugénio, Fiama, Cesariny...para recordar apenas as perdas da Poesia Portuguesa.
Um antigo conhecido meu, de crença zen, dizia-me, quando há bastantes anos, eu lamentava a morte de algum génio: - Deixe lá, que vêm outros, a seguir....
Será???

10 agosto 2007

Náusea

A mediatização do caso Maddie está a atingir as raias da incontrolável alienação. Os progenitores aparecem nas televisões e noutros hiper-mercados de imagem, com uma dignidade vip e um ar de casal cinematográfico real, de língua inglesa, a olharem de esguelha os pobres tugas e os seus polícias,a sua imprensa, que só têm, pelos vistos bom sol e mar tépido.

A imagem da malograda criança vende hamburguers, livos do Harry Potter, balões, t-shirts; chovem euros para "don't forget" e assessores de imprensa, advogados, missas e "tours" ao estrangeiro.

Pergunta-se:

- Que cães pisteiros especializados teve a pobre Joana?
- Que bençãos papais?
- Que Fundações em curso?

Sempre me irritei com as criancinhas guinchadoras e chatas nos restaurantes algarvios, - pois nunca deixei filhos meus, infantes, sacrificarem os ouvidos de comensais indefesos -, mas,fiquei perante estes métodos de conceituada "educação inglesa", que vai curtir jantares em grupo, com a "ninhada" implume depositada no apartamento balnear, consideravelmente mais pacificada com os nossos "anárquicos" costumes.

O desaparecimento de crianças é coisa séria e terrível. Mas esta "comparação" Maddie/Joana, parece a história do palhaço rico e do palhaço pobre.

Algo anda podre em Elsinore.